quarta-feira, 25 de abril de 2012
invocação
invocação
tomámos ali o vento
sobre o rosto
ali bramia o vendaval da manhã desperta
éramos mais do que nós
nos nossos sonhos
já não havia grades entre nós e o mar
o perfeito acorde rompia-nos o peito
como a vaga interior da paixão
éramos então o futuro
a origem
a luz
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Epistolário sentimental III
no silêncio aparente dos mortos declinam-se os recantos da terra assim extinta sobre o brilho lunar dos heróis
morro por dentro, na vaga do tempo
inconcluído
destroço do nada que vagueia
e, chamando-me, a ave
do nada se refaz o vento que varre a memória,
e na rocha, na sua bruta forma, desenha-se por fim o teu rosto
que a manhã acende em poderosa chama da paixão
a luz irrompe então sobre ti, incontida, como o mar na gruta do desejo
tudo se suspende
e o teu corpo nasce, intocado e nu
na invocação da manhã
Pedro Saborino
sábado, 7 de abril de 2012
Pessah

Porque é esta noite tão importante ?
detemos o curso do tempo nesta taça de vinho
e os nossos olhos brilham de novo com fulgor
a memória vive
num movimento de futuro
porque aqui imaginamos a liberdade
suspendemos o golpe mortal do anjo
sobre o nosso rosto
que assim se abre para a luz
vem escravo
sai e caminha comigo
nesta noite
em que começamos a viver
Pedro Saborino
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