do tempo
para o Horácio Espalha Jr. e para Moncorvo
muitas coisas se passaram dentro dos meus versos
alongou-se, talvez demais, o espaço entre as sílabas
o que prenunciava a mudança
e eu estava ali nesse silêncio compacto e viscoso
da espera
nada definitivamente nada fluía de tal recanto
digamos desse indefinido pedaço de memória
como uma mera imagem das minhas inquietações
aí então, tal faca no vazio, se revelaram os diversos tempos
o tempo inicial e informe do princípio
milhões de milhões de anos de poeira sideral
até ao tempo do meu passo sobre este mesmo chão
ou o meu tempo interior, sem tempo
do tempo medido do meu gesto
ao tempo sem tempo nenhum da minha ideia de tempo
do universo que flui de mim
ao segundo infinitesimal da ideia
passado presente e futuro são apenas construções
como o tempo da minha vila se constrói naquele fontanário da praça
que eu vejo
mas podia nem sequer ver
podia apenas imaginar
como as pedras sobrepostas de uma escada
ou o amanhecer através da janela envidraçada deste quarto sobre a serra
aí então a minha memória poderia descobrir o tempo definitivo
o tempo essencial
Amigo Daniel:
ResponderExcluirPasso aqui muitas vezes mas faltam-me as palavras e sobram-me as emoções, as mais variadas.
Hoje deixo aqui duas palavrinhas que nada dizem a não ser que passei aqui.
Quanto mais entramos na vida, mais precisamos do calor da origem. E as minhas raízes estão aí.
ExcluirObrigado pela visita. A porta está sempre aberta.
Daniel