Os senhores da pasta preta voltaram. Com sorrisos esquivos, convenientes, pendurados do canto da boca. Voltaram e vasculharam. Com os seus olhos pequeninos de agiotas. Com as suas mãos melífluas e as suas maquinetas. Viram os livros todos dos senhores do castelo. Espreitaram por baixo das mesas, dentro das gavetas, nos recantos escuros e nas arcas onde por vezes se escondem segredos da casa. Viram e rosnaram entre si. Num rumor inquietante que o castelão observava, distante, de mãos retorcidas.
Depois fizeram-lhe sinal para se aproximar. Imperativos. De dedo em riste sobre o seu nariz disseram-lhe para se sentar. E ele sentou-se. Num pequeno banco de três pés. Assim, quase acocorado, temeroso, ouviu então a reprimenda dos senhores da pasta preta. Num tom crescente de intensidade ameaçaram-no ocupar o castelo se não fizesse exactamente o que lhe haviam determinado. O castelão sentiu que já nada mandava no castelo e que só lhe restava cumprir tudo o que lhe haviam dito. Chamou então todos os seus súbditos e, engrossando a voz clamou:- Vivemos todos momentos difíceis e de todos se espera que se sacrifiquem para os ultrapassarmos. Dos que menos podem se exige que dêm tudo o que ainda têm; dos que mais podem que dêm o que não lhes fizer falta. Assim poderemos sair em breve desta situação. O povo, recalcitrante, nada reclamou porque ao lado estavam os senhores da pasta preta.
Mais tarde os senhores da pasta preta chamaram o guardião das moedas e disseram-lhe:- Tu aí , tens que te governar por tua conta. Chamaste-nos e agora tens de nos aguentar. O guardião das moedas, que temia que o castelão lhe ficasse também com as moedas, respondeu:- Pois bem, então vou ali buscar mais moedas do povo. E assim fez. Com isto os senhores da pasta preta decidiram ir-se embora. Com passos rápidos, afastaram-se do castelo dizendo:- Em breve voltaremos.
Depois fizeram-lhe sinal para se aproximar. Imperativos. De dedo em riste sobre o seu nariz disseram-lhe para se sentar. E ele sentou-se. Num pequeno banco de três pés. Assim, quase acocorado, temeroso, ouviu então a reprimenda dos senhores da pasta preta. Num tom crescente de intensidade ameaçaram-no ocupar o castelo se não fizesse exactamente o que lhe haviam determinado. O castelão sentiu que já nada mandava no castelo e que só lhe restava cumprir tudo o que lhe haviam dito. Chamou então todos os seus súbditos e, engrossando a voz clamou:- Vivemos todos momentos difíceis e de todos se espera que se sacrifiquem para os ultrapassarmos. Dos que menos podem se exige que dêm tudo o que ainda têm; dos que mais podem que dêm o que não lhes fizer falta. Assim poderemos sair em breve desta situação. O povo, recalcitrante, nada reclamou porque ao lado estavam os senhores da pasta preta.
Mais tarde os senhores da pasta preta chamaram o guardião das moedas e disseram-lhe:- Tu aí , tens que te governar por tua conta. Chamaste-nos e agora tens de nos aguentar. O guardião das moedas, que temia que o castelão lhe ficasse também com as moedas, respondeu:- Pois bem, então vou ali buscar mais moedas do povo. E assim fez. Com isto os senhores da pasta preta decidiram ir-se embora. Com passos rápidos, afastaram-se do castelo dizendo:- Em breve voltaremos.
Será que estes Shylocks não se deterão enquanto não nos arrancarem , com furor ganancioso e mãos de açougueiro, o "pound of flesh" da raiz da nossa vida ?
ResponderExcluirQuero ter esperança, quero muito ter esperança, mas tenho medo. Já não por mim, mas pelos meus filhos e netos. E por todos os filhos e netos.
Um abraço amigo
Júlia
Eu penso que infelizmente tudo isto se vai prolongar por um bom par de anos. De qualuer modo nada será como dantes.
ResponderExcluirAbraço amigo
Daniel