segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

o que é um corpo ?

o que é um corpo ?






descreve-me a nudez da morte

o espaço entre o olhar e a memória impossível

a voz cativa dentro da dor



fala-me depois da entrada das aves

do seu rumor estrepitoso e da sua cor amarela

como os sinos matinais



fala-me da noite imóvel com as suas cruzes negras

fala-me do silêncio dos velhos

dos seus braços caídos

dos miúdos ranhosos junto ao rio de cinza

fala-me da sua revolta indizível



fala-me depois do sonho verdadeiro

do seu cristal

desvenda-me o interior do corpo

a sua luz

2 comentários:

  1. Amigo Daniel:
    De vez em quando venho até aqui para ler um novo poema... Os seus afazeres devem ser tantos e de muitos de cert dependerá a vida de crianças que ainda deveriam ter a vida para viver. Mas que tonta eu sou.Que estou para aqui a palrar?
    Este seu poema, escrito numa noite de Natal sempre me deixou sem palavras, tal é a sua força ou magia. De sombrio e soturno - entrecortado pelo rumor estrepitoso das aves - passa no final a uma apoteose de luz. Sempre que o leio, sinto que me dá ânimo.
    Por isso, obrigada.

    Um abraço, Júlia

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  2. Amiga Júlia é verdade que não me sobra o tempo - mas o que me falta de tempo sobra-me em emoção. E as suas belas palavras são sempre recebidas com a emoção de quem recebe os verdadeiros amigos.
    Um abraço , Daniel

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