o que é um corpo ?
descreve-me a nudez da morte
o espaço entre o olhar e a memória impossível
a voz cativa dentro da dor
fala-me depois da entrada das aves
do seu rumor estrepitoso e da sua cor amarela
como os sinos matinais
fala-me da noite imóvel com as suas cruzes negras
fala-me do silêncio dos velhos
dos seus braços caídos
dos miúdos ranhosos junto ao rio de cinza
fala-me da sua revolta indizível
fala-me depois do sonho verdadeiro
do seu cristal
desvenda-me o interior do corpo
a sua luz
Amigo Daniel:
ResponderExcluirDe vez em quando venho até aqui para ler um novo poema... Os seus afazeres devem ser tantos e de muitos de cert dependerá a vida de crianças que ainda deveriam ter a vida para viver. Mas que tonta eu sou.Que estou para aqui a palrar?
Este seu poema, escrito numa noite de Natal sempre me deixou sem palavras, tal é a sua força ou magia. De sombrio e soturno - entrecortado pelo rumor estrepitoso das aves - passa no final a uma apoteose de luz. Sempre que o leio, sinto que me dá ânimo.
Por isso, obrigada.
Um abraço, Júlia
Amiga Júlia é verdade que não me sobra o tempo - mas o que me falta de tempo sobra-me em emoção. E as suas belas palavras são sempre recebidas com a emoção de quem recebe os verdadeiros amigos.
ResponderExcluirUm abraço , Daniel