quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Insurreição
fecho aqui as páginas
que libertam o poder dos nomes
a sua insurreição
(a liberdade é o poder dos nomes que lemos nas páginas abertas)
voltarei
decerto voltarei
não para esta terra servil
mas para a sua luz maior
sábado, 19 de novembro de 2011
Carreira 28
viajo através de ti
cidade
reclinada junto ao rio que te cresce por dentro numa invenção dos movimentos do amor
descrevo-te
sentado no cavalo amarelo e abrem-se recantos
descubro-te as vozes da manhã em praças pequenas rodeadas de janelas com roupa vasos flores grades ferrugentas escadarias de pedra miradouros da luz
gente de distantes lugares
vinda em barcos ancorados no porto fluvial
na esperança adiada do dia maior
da flor
do encanto
do azul
cidade
reclinada junto ao rio que te cresce por dentro numa invenção dos movimentos do amor
descrevo-te
sentado no cavalo amarelo e abrem-se recantos
descubro-te as vozes da manhã em praças pequenas rodeadas de janelas com roupa vasos flores grades ferrugentas escadarias de pedra miradouros da luz
gente de distantes lugares
vinda em barcos ancorados no porto fluvial
na esperança adiada do dia maior
da flor
do encanto
do azul
sei que te amo cidade
desesperadamente
mas nesta viagem
sei também que morro contigo
sei também que morro contigo
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Fábulas sem moral nenhuma 2
Os senhores da pasta preta voltaram. Com sorrisos esquivos, convenientes, pendurados do canto da boca. Voltaram e vasculharam. Com os seus olhos pequeninos de agiotas. Com as suas mãos melífluas e as suas maquinetas. Viram os livros todos dos senhores do castelo. Espreitaram por baixo das mesas, dentro das gavetas, nos recantos escuros e nas arcas onde por vezes se escondem segredos da casa. Viram e rosnaram entre si. Num rumor inquietante que o castelão observava, distante, de mãos retorcidas.
Depois fizeram-lhe sinal para se aproximar. Imperativos. De dedo em riste sobre o seu nariz disseram-lhe para se sentar. E ele sentou-se. Num pequeno banco de três pés. Assim, quase acocorado, temeroso, ouviu então a reprimenda dos senhores da pasta preta. Num tom crescente de intensidade ameaçaram-no ocupar o castelo se não fizesse exactamente o que lhe haviam determinado. O castelão sentiu que já nada mandava no castelo e que só lhe restava cumprir tudo o que lhe haviam dito. Chamou então todos os seus súbditos e, engrossando a voz clamou:- Vivemos todos momentos difíceis e de todos se espera que se sacrifiquem para os ultrapassarmos. Dos que menos podem se exige que dêm tudo o que ainda têm; dos que mais podem que dêm o que não lhes fizer falta. Assim poderemos sair em breve desta situação. O povo, recalcitrante, nada reclamou porque ao lado estavam os senhores da pasta preta.
Mais tarde os senhores da pasta preta chamaram o guardião das moedas e disseram-lhe:- Tu aí , tens que te governar por tua conta. Chamaste-nos e agora tens de nos aguentar. O guardião das moedas, que temia que o castelão lhe ficasse também com as moedas, respondeu:- Pois bem, então vou ali buscar mais moedas do povo. E assim fez. Com isto os senhores da pasta preta decidiram ir-se embora. Com passos rápidos, afastaram-se do castelo dizendo:- Em breve voltaremos.
Depois fizeram-lhe sinal para se aproximar. Imperativos. De dedo em riste sobre o seu nariz disseram-lhe para se sentar. E ele sentou-se. Num pequeno banco de três pés. Assim, quase acocorado, temeroso, ouviu então a reprimenda dos senhores da pasta preta. Num tom crescente de intensidade ameaçaram-no ocupar o castelo se não fizesse exactamente o que lhe haviam determinado. O castelão sentiu que já nada mandava no castelo e que só lhe restava cumprir tudo o que lhe haviam dito. Chamou então todos os seus súbditos e, engrossando a voz clamou:- Vivemos todos momentos difíceis e de todos se espera que se sacrifiquem para os ultrapassarmos. Dos que menos podem se exige que dêm tudo o que ainda têm; dos que mais podem que dêm o que não lhes fizer falta. Assim poderemos sair em breve desta situação. O povo, recalcitrante, nada reclamou porque ao lado estavam os senhores da pasta preta.
Mais tarde os senhores da pasta preta chamaram o guardião das moedas e disseram-lhe:- Tu aí , tens que te governar por tua conta. Chamaste-nos e agora tens de nos aguentar. O guardião das moedas, que temia que o castelão lhe ficasse também com as moedas, respondeu:- Pois bem, então vou ali buscar mais moedas do povo. E assim fez. Com isto os senhores da pasta preta decidiram ir-se embora. Com passos rápidos, afastaram-se do castelo dizendo:- Em breve voltaremos.
sábado, 12 de novembro de 2011
Do Ultimatum
A genialidade torrencial de Fernando Pessoa é por vezes profundamente provocatória, como demonstra o longo panfleto poético "Do Ultimatum" (Álvaro de Campos, 1917) de que transcrevo aqui um trecho sobre a sua ideia de Europa.
Faço-o como homenagem ao Poeta, que venero. Faço-o como desafio a todos nós, portugueses.(...)A Europa tem sede de que se crie, tem fome de Futuro !
A Europa quer grandes Poetas, quer grandes Estadistas, quer grandes Generais !
Quer o Político que construa conscientemente os destinos inconscientes do seu povo !
Quer o Poeta que busque a Imortalidade ardentemente, e não se importe com a fama, que é para as actrizes e para os produtos farmacêuticos!
Quer o General que combata pelo Triunfo Construtivo, não pela vitória em que apenas se derrotam os outros!
A Europa quer muito destes Políticos, muitos destes Poetas, muitos destes Generais!
A Europa quer a Grande Ideia que esteja por dentro destes Homens Fortes — a ideia que seja o Nome da sua riqueza anónima!
A Europa quer a Inteligência Nova que seja a Forma da sua Matéria caótica!
Quer a Vontade Nova que faça um Edifício com as pedras-ao-acaso do que é hoje a Vida!
Quer a sensibilidade Nova que reúna de dentro os egoísmos dos lacaios da Hora!
A Europa quer Donos! O Mundo quer a Europa!
A Europa está farta de não existir ainda ! Está farta de ser apenas o arrabalde de si-própria ! A Era das Máquinas procura, tacteando, a vinda da Grande Humanidade!
A Europa anseia, ao menos, por Teóricos de O-que-será, por Cantores-Videntes do seu Futuro!
Dai Homeros À Era das Máquinas, ó Destinos científicos! Dai Miltons à época das Coisas Eléctricas, ó Deuses interiores à Matéria!
Dai-nos Possuidores de si-próprios, Fortes Completos, Harmónicos Subtis!
A Europa quer passar de designação geográfica a pessoa civilizada !
O que aí está a apodrecer a Vida, quando muito é estrume para o Futuro!
O que aí está não pode durar, porque não é nada!
Eu, da Raça dos Navegadores, afirmo que não pode durar!
Eu, da Raça dos Descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir um Novo Mundo!
Quem há na Europa que ao menos suspeite de que lado fica o Novo Mundo agora a descobrir?
Quem sabe estar em um Sagres qualquer?
Eu, ao menos, sou uma grande Ânsia, do tamanho exacto do Possível!
Eu, ao menos sou da estatura da Ambição Imperfeita, mas da Ambição para Senhores, não para escravos!
Ergo-me ante, o sol que desce, e a sombra do meu Desprezo anoitece em vós!
Eu, ao menos, sou bastante para indicar o Caminho!
Vou indicar o caminho!(...)
A Europa quer grandes Poetas, quer grandes Estadistas, quer grandes Generais !
Quer o Político que construa conscientemente os destinos inconscientes do seu povo !
Quer o Poeta que busque a Imortalidade ardentemente, e não se importe com a fama, que é para as actrizes e para os produtos farmacêuticos!
Quer o General que combata pelo Triunfo Construtivo, não pela vitória em que apenas se derrotam os outros!
A Europa quer muito destes Políticos, muitos destes Poetas, muitos destes Generais!
A Europa quer a Grande Ideia que esteja por dentro destes Homens Fortes — a ideia que seja o Nome da sua riqueza anónima!
A Europa quer a Inteligência Nova que seja a Forma da sua Matéria caótica!
Quer a Vontade Nova que faça um Edifício com as pedras-ao-acaso do que é hoje a Vida!
Quer a sensibilidade Nova que reúna de dentro os egoísmos dos lacaios da Hora!
A Europa quer Donos! O Mundo quer a Europa!
A Europa está farta de não existir ainda ! Está farta de ser apenas o arrabalde de si-própria ! A Era das Máquinas procura, tacteando, a vinda da Grande Humanidade!
A Europa anseia, ao menos, por Teóricos de O-que-será, por Cantores-Videntes do seu Futuro!
Dai Homeros À Era das Máquinas, ó Destinos científicos! Dai Miltons à época das Coisas Eléctricas, ó Deuses interiores à Matéria!
Dai-nos Possuidores de si-próprios, Fortes Completos, Harmónicos Subtis!
A Europa quer passar de designação geográfica a pessoa civilizada !
O que aí está a apodrecer a Vida, quando muito é estrume para o Futuro!
O que aí está não pode durar, porque não é nada!
Eu, da Raça dos Navegadores, afirmo que não pode durar!
Eu, da Raça dos Descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir um Novo Mundo!
Quem há na Europa que ao menos suspeite de que lado fica o Novo Mundo agora a descobrir?
Quem sabe estar em um Sagres qualquer?
Eu, ao menos, sou uma grande Ânsia, do tamanho exacto do Possível!
Eu, ao menos sou da estatura da Ambição Imperfeita, mas da Ambição para Senhores, não para escravos!
Ergo-me ante, o sol que desce, e a sombra do meu Desprezo anoitece em vós!
Eu, ao menos, sou bastante para indicar o Caminho!
Vou indicar o caminho!(...)
Álvaro de Campos, 1917
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
25 anos
CONVITE
Congresso Internacional
25 Anos na União Europeia, 25 anos de Instituto Europeu
28, 29 e 30 de Novembro de 2011 no Auditório da FDL
Demasiado entretidos com as auto-estradas que cresciam ao ritmo das transferências comunitárias, primeiro; inebriados com o dinheiro fácil e barato e com as liberdades de circulação, depois; embalados pelo discurso dos bons alunos, quase não parámos para pensar nos caminhos que trilhava a União Europeia e nós com ela.
Subitamente, todas as nuvens se abateram e, bons católicos, começámos a expiar as nossas culpas, com um comprazimento quase masoquista em apontar os nossos erros e maus comportamentos. E, também neste percurso, não parecemos parar para pensar.
Seguramente que cometemos erros mas, num momento em que se assiste a uma crise que atinge um número cada vez maior de membros da União, é preciso entender que o problema - que também é nosso - não é só nosso.
Torna-se, assim, especialmente premente a reflexão sobre onde estamos e para onde vamos.
É com o maior prazer e orgulho cívico que, em nome do Instituto Europeu e do Instituto de Direito Económico, Financeiro e Fiscal da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, convido todos os cidadãos interessados em participar na construção do seu futuro e do da Europa a participar no Congresso Internacional 25 Anos na União Europeia, 25 anos de Instituto Europeu.
Eduardo Paz Ferreira
Presidente do Instituto Direito Económico Financeiro e Fiscal
Presidente do Instituto Europeu
Entrada livre mediante inscrição prévia e sujeita à capacidade da sala
Instituto Europeu da Faculdade de Direito de LisboaAlameda da Universidade1649-014 Lisboa
Tel: (+351) 21 7933250Fax: (+351) 21 7942592E-mail: inscrições@25anosdeadesao.eu E-mail: institutoeuropeu@fd.ul.pt site: http://www.25anosdeadesao.eu/site: http://www.institutoeuropeu.eu/
Congresso Internacional
25 Anos na União Europeia, 25 anos de Instituto Europeu
28, 29 e 30 de Novembro de 2011 no Auditório da FDL
Demasiado entretidos com as auto-estradas que cresciam ao ritmo das transferências comunitárias, primeiro; inebriados com o dinheiro fácil e barato e com as liberdades de circulação, depois; embalados pelo discurso dos bons alunos, quase não parámos para pensar nos caminhos que trilhava a União Europeia e nós com ela.
Subitamente, todas as nuvens se abateram e, bons católicos, começámos a expiar as nossas culpas, com um comprazimento quase masoquista em apontar os nossos erros e maus comportamentos. E, também neste percurso, não parecemos parar para pensar.
Seguramente que cometemos erros mas, num momento em que se assiste a uma crise que atinge um número cada vez maior de membros da União, é preciso entender que o problema - que também é nosso - não é só nosso.
Torna-se, assim, especialmente premente a reflexão sobre onde estamos e para onde vamos.
É com o maior prazer e orgulho cívico que, em nome do Instituto Europeu e do Instituto de Direito Económico, Financeiro e Fiscal da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, convido todos os cidadãos interessados em participar na construção do seu futuro e do da Europa a participar no Congresso Internacional 25 Anos na União Europeia, 25 anos de Instituto Europeu.
Eduardo Paz Ferreira
Presidente do Instituto Direito Económico Financeiro e Fiscal
Presidente do Instituto Europeu
Entrada livre mediante inscrição prévia e sujeita à capacidade da sala
Instituto Europeu da Faculdade de Direito de LisboaAlameda da Universidade1649-014 Lisboa
Tel: (+351) 21 7933250Fax: (+351) 21 7942592E-mail: inscrições@25anosdeadesao.eu E-mail: institutoeuropeu@fd.ul.pt site: http://www.25anosdeadesao.eu/site: http://www.institutoeuropeu.eu/
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União europeia
Taverna argentaria
O quadro é agora muito claro, apesar da patética (convicta?) declaração europeísta de unidade do Dr. Durão Barroso. Mas obviamente a Comissão Europeia já não manda nada. E o Dr. Durão Barroso sabe muito bem disso. Desde há muito tempo.
Estamos pois manifestamente na rua.
E ainda não estamos de todo porque ainda não pagámos o que devemos.
Quando o fizermos, já chupados até aos ossos, com uma economia totalmente ressequida, uma massa de desempregados arrastando a sua penosa revolta, uma classe média destroçada, uma multidão de funcionários públicos exauridos de recursos e de pensionistas à beira da miséria, um mar de falências, um número insustentável de incumprimentos financeiros, uma banca agonizante, uma sangria inestimável de massa cinzenta – então seremos finalmente despejados do clube. Estaremos fora da taverna argentaria.
Quando então nos chutarem do eurão e andarmos a catar as résteas do eurinho, o da via reduzida, o da 2ª velocidade, o da farsa do faz- de-conta–que-somos, o do tasco mediterrânico, talvez possamos compreender como o projecto europeu foi totalmente destruído por políticos sem dimensão. Que a Europa não merecia verdadeiramente neste momento crucial.
Políticos que gerem apenas interesses de agenda, sem qualquer visão estruturante, numa espécie de santa aliança mercantilista franco-germânica que, ao revés da história política e cultural da Europa a caminho da modernidade e do progresso fazem profissão de fé de uma via que a história registará seguramente como o pesadelo do século XXI.
Eles serão responsáveis pela morte da Europa enquanto espaço social, cultural e político no qual a democracia e a liberdade, qual coruja de Atena pousada, seriam o farol no sombrio mar da tirania e da guerra.
Serão assim inexoravelmente julgados.
Estamos pois manifestamente na rua.
E ainda não estamos de todo porque ainda não pagámos o que devemos.
Quando o fizermos, já chupados até aos ossos, com uma economia totalmente ressequida, uma massa de desempregados arrastando a sua penosa revolta, uma classe média destroçada, uma multidão de funcionários públicos exauridos de recursos e de pensionistas à beira da miséria, um mar de falências, um número insustentável de incumprimentos financeiros, uma banca agonizante, uma sangria inestimável de massa cinzenta – então seremos finalmente despejados do clube. Estaremos fora da taverna argentaria.
Quando então nos chutarem do eurão e andarmos a catar as résteas do eurinho, o da via reduzida, o da 2ª velocidade, o da farsa do faz- de-conta–que-somos, o do tasco mediterrânico, talvez possamos compreender como o projecto europeu foi totalmente destruído por políticos sem dimensão. Que a Europa não merecia verdadeiramente neste momento crucial.
Políticos que gerem apenas interesses de agenda, sem qualquer visão estruturante, numa espécie de santa aliança mercantilista franco-germânica que, ao revés da história política e cultural da Europa a caminho da modernidade e do progresso fazem profissão de fé de uma via que a história registará seguramente como o pesadelo do século XXI.
Eles serão responsáveis pela morte da Europa enquanto espaço social, cultural e político no qual a democracia e a liberdade, qual coruja de Atena pousada, seriam o farol no sombrio mar da tirania e da guerra.
Serão assim inexoravelmente julgados.
sábado, 5 de novembro de 2011
Inside job
http://www.youtube.com/watch?v=FzrBurlJUNk
Quando Henry Paulson deixou a Goldman Sachs, antes da falência, para tomar posse como Secretário do Tesouro do governo de G. Bush em Maio de 2006, não veio de mãos a abanar - trouxe uns largos milhões de dólares a título de compensações.
Esse foi apenas um aspecto (e ainda assim menor) da enorme crise imobiliária nos EUA que pôs em questão toda a política neoliberal cujo objectivo principal era (e é ainda) retirar do Estado a regulamentação dos movimentos financeiros a nível mundial de forma a proteger os indescritíveis lucros dos investidores que se dedicam a este tipo de especulações.
A desregulamentação precedeu e determinou esse fenómeno político-económico da globalização.
Está hoje em dia patente que a finalidade da globalização é exclusivamente a movimentação mundial do capital, de forma essa sim global, permitindo aos especuladores reinventar formas de multiplicar o seu património financeiro, sem qualquer respeito por Estados, governos ou sociedades.
Especialistas, professores e analistas de conceituadas escolas de administração e finanças dos EUA converteram-se em conselheiros governamentais com principescas remunerações e privilégios.
As políticas de cariz social são execradas como despesistas e apontadas como causa major dos deficits estatais. Em desespero de causa são apontadas soluções nas quais a prosperidade é baseada na liberalização dos negócios como promotor de emprego e de riqueza.
A soberania dos Estados é transferida para o FMI e para fundos estruturais meramente adjuvantes.
O filme Inside Job mostra à saciedade como, enquanto o contribuinte ingénuo se esgota por manter as suas responsabilidades, um bando criminoso de especuladores gananciosos e imorais refocila num mar inominável de triliões que tenta avidamente repartir. Tudo isto enquanto os responsáveis governamentais assobiam para o lado como se nada tivessem a ver com o caso.
Tudo isto enquanto muitos países tentam implementar sistemas produtivos de desenvolvimento económico afastando-se de sectores vitais de produção de riqueza como a actividade agrícola e outros. Tudo isto em nome da neo-liberalização da economia e dos movimentos indiscriminados de capitais.
Estamos assim, nós e muitos outros, debaixo do jugo do manto superior do capitalismo onde se jogam as cartadas de casino do capitalismo puro e duro, nós pessoas normais que trabalhamos para sobreviver pagando as nossas contas, os nossos impostos, satisfazendo as nossas responsabilidades, com grave prejuízo da qualidade de vida e por vezes da própria subsistência.
Somos a maioria.
Só não entendo porque é que não conseguimos fazer ouvir a nossa voz .
É tempo de o fazermos, antes que nos devorem!
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