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na morte de Rafael Albertí
28 de Outubro de 1999
de que se fazem os cantos as duras formas dos picos submersos na angústia do anoitecer de que se fazem o rosto acerado e aquelas mãos
retorcidas que cortam o vento ? de que se fazem
os pássaros esmagados
dentro dos sonhos
que já não brilham como estrelas
de que se faz o silêncio que provém do vazio
e flutua
aquela boca gelada que já nada pede
o fio trémulo com que o menino segura a lua
os passos
na chuva o calor sufocante e o odor do laranjal
de que se fazem ? o recanto da luz e o pequeno banco de pau
de que se fazem todos os ódios calcinados a greta da miséria
e a tua fome ó vão guerreiro
ó pranto
de que se fazem o destroço o duro arco vergado o caule
morto
ofício roxo de um céu esquecido
de que se fazem?
de que se fazem?
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