domingo, 18 de novembro de 2012
estrada
estrada
já não habito essas ruas com tílias e varandas
silêncios entre os pássaros da manhã
geometrias de calcário e estátuas a olhar o rio
já não abro as janelas de par em par nem delas respiro o vento inquieto
agora apenas me sento
na cidade
no seu recanto
onde o mistério é sombrio
e as perguntas não têm respostas
e as palavras se apagam por dentro
em gélidas revelações da memória
sento-me aí por fim
sobre as revoltas
e nada digo ou penso ou invento destes muros
desta ruína
deste silêncio da peste
deste cabelo frio do medo
há cadáveres de rosto incerto junto de mim
toco-lhes a pele ainda húmida como se lhes ficasse da noite o espanto a fome
invoco os deuses da abundância agora ausentes
e nada resta agora
senão os cavalos mortos na paisagem
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Não tenho vindo por aqui e por isso me penitencio. A sua poesia, Daniel, é sempre um espanto, um arrepio que me faz pensar mais longe e sentir mais fundo, e uma saudade de inocência e de calor e nem sei bem de quê ...
ResponderExcluirUm abraço grande e BOM ANO
Júlia