sábado, 15 de outubro de 2011

Indignados?






Enquanto uns milhares por todo o mundo se manifestam contra um complexo sistema que afinal todos nós criámos e alimentamos , numa espiral de necessidades nunca satisfeitas, de riqueza nunca alcançada, de conluio do poder com o dinheiro, de sucessivas negações da liberdade a pretexto da construção de uma sociedade mais próspera e feliz -




morre-se por todo o mundo de fome e de sede, morre-se de doenças que são curáveis com um antibiótico, ou evitáveis com uma vacina, há crianças e adultos que trabalham forçadamente em completa escravidão, violenta-se e mata-se por um prato de comida, mutila-se e estropia-se por preconceito cultural ou lei religiosa, denega-se ou simplesmente se subverte a justiça, desvaloriza-se a vida , trucida-se e encarcera-se por diferença ideológica, ou género, ou crença,



institui-se o terror como arma, flagelo ou castigo divino, faz-se da indiferença o quotidiano, a ignorância é um mal inevitável, o conhecimento um direito das sociedades ricas, a pobreza um desagradável incómodo.




O mundo dito civilizado transformou-se numa trágica taverna argentária. A liberdade soçobra. O que está em questão é a dignidade humana . Trata-se de uma luta que não deveríamos perder.








Foto: criança africana com noma, doença frequente na África sub-saariana. Ocorre em crianças desnutridas . É mortal se não for tratada. É tratável com antibióticos e cirurgia reconstrutiva. Ironicamente o restaurante mais caro do mundo, na Dinamarca, tem o mesmo nome.












2 comentários:

  1. Ele há palavras, perante as quais ficámos mudos.
    Ele há imagens, diante das quais ficamos cegos.
    A realidade é que é pestilenta e perturbadora.
    As palavras que a narram, as imagens que a condenam, essas são, sempre, benvindas.
    As suas, as deste texto, a foto e as palavras, são o julgamento precioso destes tempos que nos foram dados viver.

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  2. Obrigado por me ter entendido.
    Continuo a acreditar num mundo em que o homem, ser racional e que tenta entender-se a si e ao universo em que vive, se dignifique procurando o outro de forma solidária. Morrerei a acreditar que isso é posssível - e absolutamente necessário.
    Abraço
    Daniel

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