terça-feira, 18 de outubro de 2011

O garrote

Portugal é um pais pequeno. Pequeno e pobre. Portugal é dos países da OCDE com maiores desigualdades.A despesa e a dívida pública em percentagem do PIB são actualmente insustentáveis. Os investimentos públicos têm sido em regra ruinosos – vd. o caso das PPP’s. Os acumulados de dívida das empresas públicas, dos transportes e das estradas são astronómicos. As despesas de saúde são incontroladas e crescentes. A indústria exportadora é desapoiada e manifestamente não consolidada. Há excesso de construção e houve muita especulação imobiliária com o apoio solícito dos bancos, que agora se debatem com um incumprimento gigantesco e um parque de imóveis impossível de negociar. Os níveis de produtividade são baixos. O endividamento público assustador. O externo ainda mais. Vivemos há mais de dez anos em plena crise estrutural, de apatia e de paragem económica, que começou em Guterres, continuou com Durão Barroso e Santana. Os governos de Sócrates tentaram um surto de expansão que esbarrou em inúmeras debilidades estruturais e numa oposição meramente bota-abaixista. A intervenção da troika, em desespero de causa, foi a machadada final na nossa economia . O funeral da justiça social. O fim da utopia de um Estado justo e defensor do bem-estar dos cidadãos . Talvez por culpa de uma obscura concertação político-financeira mundial, de blocos económicos pouco claros, de manobras especulativas dos mercados. Talvez por culpa de uma UE que não se assume como união política e mal se conforma a uma união económica, em sucessivas indecisões, avanços e recuos. Talvez por culpa de todos nós portugueses, que perante o mundo não assumimos a dignidade histórica que temos a obrigação de preservar. E este é o maior dos males. O garrote que nos irá estrangular.

Um comentário:

  1. Certeiro.
    Se transformar em "manifesto" serei o ro subescritor...faço questão.
    Abraço.

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