sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sexta-feira



J. está há mais de dois meses internado no serviço. Tem um cancro em fase terminal. Mas a sua robustez , agora diminuída, vai adiando o desenlace. Os cuidados mitigam o sofrimento mas não impedem a progressão inexorável da doença.
Olha-me quando passo na enfermaria com um olhar emaciado, esquivo. Que me interpela . Talvez me culpabilize. A Medicina não pode tudo, tem limites. Há uma Medicina esplendorosa da cura total - aquela que devolve o ser humano ao seu mundo, à sua família, à sua vida, que restitui o dom de estar e de amar e de fruir . Há uma Medicina da compaixão e da solidariedade, nos limites da dignidade humana . Há uma Medicina do encontro com quem morre.
Há uma Medicina da plenitude e há uma Medicina da revolta , da impotência , da humildade.

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