sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sophia






Não encontro melhor forma de celebrar a madrugada do 25 de Abril do que evocar aqui Sophia de Mello Breyner Andresen .


Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo



Poema de palavra exacta e intensa utopia, que o saúda numa alvorada de esperanças .


No percurso poético de Sophia há uma verdade intrínseca que a modela de dentro para fora , uma construção da linguagem de modo essencial e um retorno ao profundo significado da vertigem das palavras , numa união quase sagrada do ser com o mundo.


A poesia de Sophia de Mello Breyner é notável na sua estética , diria quase solar, de interpelação do real . " Palavras que eu despi da sua literatura, para lhes dar a sua forma primitiva e pura, de fórmulas de magia" diz ela em " O jardim e a noite" de "Poesia" seu livro de estreia , e que repetirá depois pela sua obra.

Mais além da poesia, mas também da prosa, contos, teatro , ensaio e traduções, Sophia teve
uma empenhada e exemplar intervenção política na defesa das liberdades , quer antes do 25 de Abril no tempo da ditadura, quer depois .

Aqui recordo Sophia , a minha paixão pela sua poesia e a minha admiração pelo seu exemplo de cidadania.




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