quinta-feira, 19 de março de 2009

Soneto meridional





SONETO MERIDIONAL



na outonal curva em que a vida enfim se alonga
e os sonhos se detêm, talvez findos, talvez vazios,
por demais sofridos golpes ou rudes e frios
momentos, que a fortuna adversa o peso lhes prolonga


no frágil e juvenil caminho das terríveis verdades
que o tempo, insaciável, feroz máquina da morte ,
destrói e consome , sobre nós designando a sorte
dos gestos, das angústias , dos temores, das vontades


descobrimos, em súbito e derradeiro espanto,
o cheiro do mar, que no doce e leve encanto
da noite se desprende, além do tímido odor do laranjal


assim húmido e aos poucos da terra se levanta
depois mais forte que o maior amor , mais que tanta
paixão na fugidia madrugada por fim cresce e se desfaz





Agosto e Dezembro de 2007
Tavira, Cascais

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